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Top Internacional – F1: 57 anos depois, Mercedes volta, com Nico Rosberg, ao alto do pódio na F1!

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Pódio foi 100% Mercedes, com Button e Hamilton empurrados por uma kraftwerk do grupo Daimler AG, chegando na segunda e terceira posições.

A partir do GP da China de 2012, as novas gerações de aficionados do esporte passam a ter idéia do que eram as provas de F1 nos anos 60 e 70 do século passado. Uma época maravilhosa em qual não haviam os habituais franco favoritos de duas, no máximo três equipes, com o resto fazendo simplesmente figuração.

O “normal” era à cada corrida surgir alguém que conseguiu um acerto fantástico em algum dos quase trinta carros do grid e ter uma “ligeira” vantagem sobre os demais concorrentes. Essas aspas não são despropositadas, pois a vantagem de um set-up melhor, de um momento melhor de confiança de algum piloto, ou mesmo de um melhor “entrosamento” com o traçado do circuito, ainda dependiam de uma certa dose de sorte, posto que as quebras – hoje praticamente inexistentes na categoria – eram freqüentes, como também o eram os graves acidentes.

Essa não é uma explicação meramente saudosista, mas sim de contraponto para o que aconteceu nesta terceira etapa da temporada de 2012. Como em passe de mágica, repentinamente deixaram de existir favoritos imbatíveis e, tirando as ineptas nanicas, qualquer equipe passou a ter chances reais de vitória.

Exemplo prático desse fato é o recente GP da Malásia, vencido pela problemática Ferrari, que é reconhecidamente um carro ruim. Sem qualquer explicação plausível da hiper tecnológica engenharia da categoria, ou informação registrada nos computadores de alta geração embarcados nos carros, ou capturados pela telemetria, o carro vermelho de Fernando Alonso andou bem e, conjugando com situações de corrida e lá um tanto de sorte, aconteceu o até então inimaginável: vitória da Ferrari!

Bem, se não fosse a Ferrari de Alonso, seria a Sauber do mexicano Sergio Perez, até aquele momento outro azarão de primeira linha em qualquer casa londrina de apostas.

As flechas de prata da Mercedes são, efetivamente, bons carros de uma grande equipe, todavia também não figuravam nas listas de vencedores que vemos diuturnamente na mídia especializada. Das emissoras de televisão, passando por revistas, jornais, web-sites, blogs e rodinhas de boteco, ninguém acreditava piamente que Nico Rosberg, ou Michael Schumacher fossem dar pau em Sebastian Vettel, Mark Webber, Lewis Hamilton, Janson Button, ou mesmo Fernando Alonso e Felipe Massa, sem que houvesse alguma situação extrema, como uma tempestade, ou um “big one” envolvendo os principais nomes da F1.

Bem ao estilão anos 70, Nico Rosberg conseguiu um bom ajuste na Mercedes GP W02 AMG Petronas, fez uma volta voadora no Q3 da classificação e contou com a sorte de mudar o vento no meio da seção, que não permitiu aos concorrentes superar sua marca. A pole position, a primeira de uma carreira que já conta com 103 GPs disputados, estava garantida.

A voz corrente avisava que o tal de duto reverso era o grande responsável pela pole, mas na corrida, quando o duto somente poderia seu utilizado uma vez por volta e, ainda, somente quando estivesse a menos de um segundo do carro da frente, essa vantagem desapareceria e o conhecido consumo excessivo de pneus da W02 deixaria os germânicos como carta fora do baralho.

Lembra da historinha lá de cima falando das corridas de F1 dos anos 60 e 70? Pois é... Aconteceu de novo!

Impecável, Nico Rosberg largou bem, assumiu a ponta da corrida e tratou de abrir vantagem do pelotão. Sua equipe soube traçar uma boa estratégia de corrida, executada com perfeição pelo piloto alemão e pelos rapazes do box. A “Dona Sorte” entrou em campo e deu sua ajudinha no pit-stop de Jenson Button, o adversário com mais condições nesta prova de tirar suas chances de subir ao alto do pódio. Na volta para a pista, Button pegou a Marginal Pinheiros na hora do rush e, até o britânico superar todo mundo, a vitória já estava no pote do filho do Campeão Mundial de 1982 da F1.

A batalha pelas demais posições também faziam remissão à provas dos “seventies years”. Sem qualquer respeito pelo tamanho e orçamentos das equipes, ou pelos retrospectos e quantidade de títulos dos concorrentes, o pau comeu solto e as brigas foram sensacionais, definidas tão somente pelas estratégias de pneus e pequenos erros de pilotagem.

O GP da China de 2012 foi um corridão memorável, que esperamos ser paradigma para todas as demais etapas da temporada e permitir que voltemos a sentir pelo esporte a mesma desenfreada paixão que hoje só vemos nas torcidas daquele perigoso esporte bretão de distribuição de caneladas.

Como foi a corrida:

Com Rosberg e Schumacher formando a primeira fila, Kamui Kobayashi com a Sauber abrindo a segunda fila, ladeado por Kimi Räikkönen com a Lotus e, ainda, com Jenson Button e Mark Webber apenas na terceira fila, a autorização de partida fez muita gente prender a respiração e esperar por uma pancadaria generalizada na primeira curva do circuito.

Rosberg largou muito bem, pulou na ponta a já abriu vantagem para todo mundo. Schumacher manteve o segundo, mas Kobayashi largou mal e saiu lentamente, ultrapassado por quase todo mundo. Janson Button também partiu bem, superou Räikkönen e tangenciou a Curva 1 na terceira posição, seguido por Lewis Hamilton, o quarto, após partir da sétima posição da grelha. Sergio Perez era o sexto e Fernando Alonso, que também fez boa largada superando Mark Webber, assumiu o sétimo posto.

Felipe Massa também foi bem na partida, ganhando a posição de Vettel e sendo um dos que deixou para trás Kobayashi. Ganhou duas posições e fechou a primeira volta em décimo. O mesmo aconteceu com Bruno Senna (14º do grid), que superou seu companheiro de equipe, Pastor Maldonado e Koba. Contrariando as expectativas, ninguém bateu na largada, somente um leve toque de Bruno Senna na traseira da Ferrari de Massa, que por sua vez teve de frear forte para não acertar em cheio a traseira da Lotus de Romain Grosjean, que errou na freada da primeira variante.

Ainda nas primeiras voltas, Webber passou a atacar fortemente Fernando Alonso e Grosjean a Felipe Massa. Os pilotos largaram bem, por mérito pessoal, mas o carro da Ferrari mostrava sua deficiência de desempenho assim que o train de corrida ficava estabelecido. Para sorte (como sempre) de Don Fernando, os pneus da Red Bull acabaram logo e Webber entrou para os pits na sétima volta.

Na pista a ordem era: Rosberg, Schumacher, Button, Raikkönen, Hamilton, Perez, Kobayashi, Alonso e Felipe Massa na nona posição. Na décima passagem aqueles que estava com pneus macios passaram a entrar para os pits e fazer a troca dos compostos. Ao troca de Webber voltas antes era o sinalizador do momento certo, já que o australiano fazia suas voltas cerca de sete décimos de segundo mais rápido que o líder da corrida. Na parada de box, a McLaren trabalha melhor e Lewis Hamilton consegue sair na frente de Kimi Raikkönen dos boxes, levando a posição do finlandês.

As diferentes estratégias começavam a aparecer na volta 12: Felipe Massa havia largado com pneus de composto médio – os mais duros – e fazia um long run. Com as paradas dos lideres já era o sexto, com Bruno Senna em sétimo. Mais uma passagem e Massa era o terceiro e com bom ritmo.

Michael Schumacher entrou para sua troca ocupando a segunda posição e logo após sair dos pits encostou, abandonando a corrida. Na troca de pneus, a porca da roda dianteira direita não havia sido rosqueada corretamente...

Para contrariar meus colegas da revista AutoSprint italiana, Felipe Massa fazia uma prova impecável e consistente. Mesmo com pneus gastos, assumiu a ponta da corrida na volta 17, resistindo por mais duas voltas, quando Rosberg fez a ultrapassagem, já com pneus zerinho em seu carro. Felipe aproveitou o “ensejo” para também fazer sua troca, voltando à corrida repetindo a “receita” de pneus média e na 14ª posição. O bom disso é que todos estavam relativamente próximos e ser 14º não era lá muita desvantagem.

No “balanço geral” da vigésima volta, a dianteira era de Nico Rosberg, seguido por Button, Hamilton, Webber, Raikkönen, Alonso, Kobayashi e Grosjean. Mas na passagem subseqüente Mark Webber “inaugurou” a segunda rodada de troca de pneus, para aqueles que tinham optado por três paradas. Terminadas as trocas desse grupo, na volta 31 a ordem do sexteto dianteiro passou a ser: Rosberg, Button, Perez, Hamilton, Webber e Alonso. O detalhe importante é que Perez e Massa eram os dois únicos na pista a terem feito apenas uma parada para troca de pneus.

Na seqüência Jenson Button assumiu a ponta da corrida, com Rosberg em segundo e Hamilton em terceiro. Felipe Massa era o quinto, ainda com os pneus médios da primeira troca. Mas a volta 40 acabou sendo a decisiva para o resultado final da corrida. Button foi para os pits, fazer sua ultima troca de pneus, mas a deusa Fortuna sorria para Nico Rosberg e a McLaren teve problemas na troca dos pneus de Jenson, que perdeu muito tempo e, pior, voltou para a pista encaixotado em um grupo grande de carros, logo atrás de Lewis Hamilton. Corrida típica dos anos 70, quando o imponderável sempre acontecia...

Com pneus muito desgastados, Felipe Massa fazia milagres – Hello, AutoSprintone!!! – e era segundo, segurando “no braço” uma verdadeira centopéia atrás da Ferrari. A estratégia estava certinha. Apenas duas paradas na prova e a oportunidade de chegar na zona de pontos, para sair do zero...

A prova entrava em seu ocaso e parece que “caiu a ficha” para os habitueés das posições intermediaria e do pelotão da “M”. Estavam andando em meio a Red Bulls, Ferraris e McLarens, de igual para igual, o que marcava o fim de qualquer respeito pelos pilotos que costumam monopolizar as primeiras posições. Faltavam dez voltas para a bandeira a quadros e Romain Grosjean, Pastor Maldonado, Sergio Perez e Fernando Alonso soltavam faíscas pela pista. Batiam rodas, “espetavam” onde não cabiam e chegaram a dividir três carros ao mesmo tempo a freada no final da reta, na batalha pela “honrosa” oitava posição!

Bruno Senna ia à frente dessa briga, firme na sétima colocação e repetindo o desempenho consistente que apresentou na Malásia. Novamente à frente do mais experiente venezuelano que paga as contas da equipe Williams e tem o tratamento (velado) de primeiro piloto.

Um pouco mais à frente do pelotão, outra briga intestina: Kimi Raikkönen, Mark Webber, Janson Button e Lewis Hamilton lutam pela segunda posição final. Embora mais cordatos, o quadro não é muito diferente da batalha pelo oitavo posto e as disputas mostram carros andando lado a lado onde a chance de um “crash” era grande. Mas os pneus do finlandês dão sinal de “game over” e, sistematicamente, passa a perder posições.

Na volta 49, Bruno Senna aproveita o problema do piloto da Lotus e toma a sexta posição, mas Grosjean já se destacara da briga mais atrás e, em forte ritmo, conseguiu superar Raikkönen e Senna, que voltou à sétima colocação.

Na liderança, Nico Rosberg “passeava” pela pista, com 25 segundos de vantagem para o vice-líder, Sebastian Vettel. A estratégia da Red Bull tinha conseguido fazer o alemão bicampeão mundial sair da P11 para as posições dianteiras no final da prova, mas o carro não tem o mesmo desempenho das temporadas anteriores e os pneus, nitidamente, também estão no osso. Bom para Button, que se vale do melhor equilíbrio da McLaren com pneus em bom estado e fez um ataque certeiro, tomando a segunda posição.

Na penúltima volta é Lewis Hamilton que faz a ultrapassagem sobre a Red Bull de Vettel e na final Mark Webber também toma o quarto posto de Sebastian, que termina a corrida na quinta posição. O oitavo lugar acabou ficando com Maldonado, que conseguiu refrear o ímpeto do espanhol da Ferrari, o nono colocado. Fechando os dez primeiros, Kamui Kobayashi, que na ultrapassagem sobre seu companheiro de equipe Sergio Perez, tomou um “chega-prá-lá” no modelo Michael Schumacher/ Rubens Barrichello, só que sem o muro.

Felipe Massa tinha tudo para chegar bem e na zona de pontos, mas a Ferrari F1 2012 é temperamental. Calçou os pneus soft para o stint final e, teoricamente, deveria ser rápido o suficiente para conquistar muitas posições, com os adversários sofrendo com pneus desgastados e, a maioria, com compostos médios. Mas esqueceram de combinar isso com o carro, que ao invés de melhorar o desempenho, passou a andar com os pneus macios zerinho, mais lento que andou na corrida com os pneus duros. Foi décimo terceiro em uma prova que, merecidamente, deveria completar lá pela quinta, ou sexta posição.

Esta foi a 111ª largada de Rosberg na F1, curiosamente após 111 anos da primeira vitória da Mercedes, na Speed Week de Nice em 1901. Para isso, Nico fez duas paradas de box, utilizando na seqüência os pneus option/prime/option, uma estratégia que se mostrou a correta, para abrir 20s626 sobre Jenson Button, da McLaren-Mercedes.

Também foi a primeira vitória de uma Silver Arrow, desde o Grande Prêmio da Itália, disputado em Monza no dia 11 de Setembro de 1955, a exatos 25.671 dias atrás!

Nessa “estatística” deve ser lembrado que esta foi a décima vitória de uma Silver Arrow na F1 e a de numero 90 da marca germânica na categoria, computando-se o fornecimento de propulsores para outras equipes.

O que disseram os protagonistas:

 

Filho do finlandês Keke Rosberg, o Campeão Mundial de F1 de 1982, Nico Rosberg é alemão de nascimento, mas foi criado em Mônaco, onde até hoje mora. Claro, estava exultante com sua primeira vitória na categoria: “Este é um momento muito especial para mim. Foi um final de semana perfeito. Minha primeira pole position e, agora, a minha primeira vitória na Fórmula Um - é algo realmente fantástico. Mas não é só isso, é a primeira vitória das novas Flecha de Prata e desta grande equipe. Isso é realmente especial para mim. Obrigado a todos da equipe, tanto aqui na China, quanto em nossas fábricas em Brackley e Brixworth. Isso me deixa muito orgulhoso por conseguirmos desenvolver esse carro tão rapidamente. Eu nunca vou esquecer esta corrida, e nas últimas 20 voltas senti o tempo passar lentamente, como se eu estivesse correndo nas 24 Horas de Le Mans! Mas depois de cruzar a linha de chegada, tudo foi muito intenso. Vamos festejar essa vitória, mas manteremos os pés no chão. Ainda não estamos onde queremos estar, ainda estamos trabalhando duro para entender o carro e os pneus em todas as condições, e vamos continuar fazendo força para melhorar ainda mais nosso ritmo de corrida. Vamos ver como isso funciona no Bahrein”.

 

 

 

 

Segundo colocado na corrida, o britânico Jenson Button foi o principal adversário de Rosberg. Mas a sorte estava do lado germânico e colaborou no momento decisivo, como conta o campeão mundial de 2009: “Parabéns hoje para Nico [Rosberg] - ele fez uma corrida irrepreensível. Será poderíamos ter alcançado ele se tivéssemos conseguido fazer uma corrida sem tráfego no stint final? Nosso ritmo estava muito bom e o objetivo era sair na frente do segundo pelotão de carros - o que teríamos conseguido se não tivéssemos perdido tempo no pitstop -, persegui-lo e deixá-lo sob pressão. O atraso na parada final foi apenas um dos fatores - embora todas as outras paradas tinha sido muito boas neste final de semana -, mas esta, em particular, não foi. O atraso me jogou no meio do trafego e acabei levando um pequeno toque, mas graças ao ritmo e a consistência do carro, consegui voltar para a segunda posição, depois de uma boa batalha e uma ultrapassagem que me deixou satisfeito sobre Sebastian [Vettel]. No fundo, é um pouco decepcionante não ter conseguido lutar pela vitória, mas foi uma corrida divertida com toneladas de ultrapassagem e muita batalha. O mais importante é que foi um grande dia para a McLaren porque estamos liderando agora os dois campeonatos mundo (pilotos e construtores). É muito importante ser consistente e é bom estar de volta no pódio, mas há ainda um par de pequenas coisas precisamos melhorar para tornar nossa vida ainda melhor”.

 

 

Lewis Hamilton, terceiro na prova, destacou o grande equilíbrio entre as equipes e o bom trabalho de sua equipe, que rendeu pódio para os dois pilotos da casa inglesa: “Consegui fazer uma grande corrida. Embora nem, ou Jenson, infelizmente, fomos capazes de ganhar, eu estou realmente feliz que Nico tenha conseguido hoje sua primeira vitória. Mas também estou muito feliz pela equipe McLaren, pois tanto Jenson, quanto eu, fomos capazes de voltar ao pódio e marcar mais alguns bons pontos. No entanto esta foi uma corrida difícil e adoraria ter conseguido desafiar o Nico. Acho que talvez eu tivesse conseguido se tivesse largado da primeira fila, mas ainda assim conseguimos progredir desde a largada e consegui, também, fazer um monte de ultrapassagens divertidas em um monte de gente. Acredito que tenha tirado do carro tudo o que ele poderia dar. E isso também é um ponto positivo, saber que temos um carro muito consistente. Nós temos apenas que nos manter progredindo, pois isso é tudo, pois a Mercedes, Red Bull, Ferrari, Lotus e Sauber já estão todas no topo, o que deixa este um campeonato muito forte, que vai fazer grandes corridas para os fãs poderem assistir. Já faz algum tempo desde que eu estive no topo do campeonato mundial de pilotos -. mas temos que permanecer focados. Acredito que se continuar a trabalhar como tenho feito, as vitórias certamente virão e, claro, vou continuar pressionando para conseguir alguns resultados melhores no futuro”.

 

Mark Webber, 4º colocado na corrida também ressaltou o equilíbrio e intensa competitividade entre varias equipes nesta corrida: “Tentar obter o equilíbrio certo para toda a corrida é algo muito complicado. No final, o quarto lugar não é o máximo, mas não é tão ruim, porque a disputa entre as equipes da frente foi muito apertada. Em alguns momentos da corrida eu vi a placa indicando P13/P14, então eu tenho que estar satisfeito com o quarto lugar. Eu cometi alguns erros tentando andar forte nas retas embutido em outros carros e é difícil você não acabar ‘pisando’ nos marbles (bolinhas de restos de borracha dos pneus que ficam depositadas fora do trilho principal das pistas). Acho que a estratégia foi boa, mas é sempre uma aposta alta fazer três paradas, pois aumenta o risco de pegar tráfego. De qualquer forma, parabéns ao Nico, ele mereceu a vitória, e também para a Mercedes. Para mim demos agora três quartos de um bom salto, são bons pontos e deixamos a China razoavelmente satisfeitos, mas não podemos baixar a guarda e continuar melhorando”.



Bicampeão Mundial, o alemão Sebastian Vettel vive um inicio de temporada complicado. O carro, sem os componentes banidos, não tem o mesmo comportamento e as novas gerações deixam claro que não sabem adaptar sua forma de pilotar ao comportamento dos carros. O carro é que tem de ser “feito” sob medida, ao estilo de cada um... São pilotos da geração “eletrônica”, que não trocam marchas em alavancas e não sabem passar ao engenheiros as informações que são apenas lidas nas telemetrias. “Eu não tinha mais pneus no final da corrida. /no cockpit eu podia apenas ir regulando o equilíbrio de freio, o que não era fácil, para tentar manter os pneus, mas nas últimas voltas eu sabia que a única chance que tinha era de me manter à frente de Kimi. Mas acho que ele se deparou com o mesmo tipo de problema. Conquistamos alguns bons pontos e foi uma boa recuperação a partir da P15. A Mercedes teve uma vitória muito confortável hoje, fruto de um trabalho bem feito. De uma forma geral, estávamos muito lento nas retas, e acabamos perdendo tempo, pois isso tornou difícil fazer ultrapassagens. De uma forma geral estou muito feliz com a quinta colocação, principalmente depois da primeira volta, que foi muito ruim. Larguei mal porque não conseguia subir os giros e estava desatento quando as luzes se apagaram. Perdi o momento certo de largar. Em geral sou muito rápido nisso, mas hoje fui um dos últimos. A primeira volta também não foi boa, mas com a estratégia acabei conseguindo voltar à disputa da corrida. No final, acho que foi um bom fim-de-semana para nós, pois aprendemos muito e esperamos poder levar essas lições a bordo para irmos na direção certa na próxima semana”.

O franco-suiço Romain Grosjean errou muito (novamente), mas conseguiu arrancar um sexto lugar ao final da corrida, com o bem nascido Lotus: “Foi uma corrida muito boa, eu realmente gostei dela. Infelizmente eu cometi um pequeno erro combatendo com Mark (Webber), mas no geral foi um bom desempenho. O carro estava ótimo e a equipe, desde sexta-feira, fez um trabalho incrível que nos deu um grande progresso, por isso estou especialmente feliz pelos rapazes ao poder terminar a corrida e conseguir alguns bons pontos na tabela”.

Bruno Senna foi o sétimo e reconhece que ainda tem muito que aprender na categoria, mas tem feito corridas consistentes e levado para a equipe de Groove os melhores resultados (e pontos) das duas ultimas temporadas. “Foi um grande resultado para a equipe hoje terminar com dois carros nos pontos. Foi uma corrida difícil e o desgaste dos pneus foi elevado. Nossa estratégia funcionou bem hoje, mas ainda estamos aprendendo e melhorando juntos. Pretendemos continuar melhorando ao longo das próximas corridas”.

 

 

 

 

Com uma temporada à mais na equipe, o venezuelano Pastor Maldonado foi novamente batido por Senna, completando a corrida uma posição atrás do piloto brasileiro. “Hoje foi um dia difícil. Perdi posições na largada e foi difícil ultrapassar, mas tivemos um bom ritmo de prova e conseguimos ser competitivos até o fim e participar de boas brigas, então estou feliz por conseguir alguns pontos. Este foi um grande resultado para a equipe”.

 

 

 

Fernando Alonso (9º colocado) fez coro com seu companheiro de equipe, Felipe Massa, e destacou as deficiências do carro desta temporada: “Sabíamos que esta seria uma corrida difícil e é assim que ela acabou. Estávamos sempre no trafego, sem uma oportunidade de explorar o potencial do carro e quando você está atrás de outros carros, os pneus se desgastam muito mais facilmente. Escolher fazer três paradas significava, claramente, que seria forçado a fazer algumas ultrapassagens, mas com a velocidade máxima que tínhamos isso acabou por ser quase impossível na reta principal, então eu tive que ‘inventar’ algumas ultrapassagens em outros pontos na pista, onde eu poderia aproveitar melhor o carro. Obviamente, isso não me deixa muito otimista para o Bahrein, em uma pista onde a tração e velocidade são vitais, exatamente as áreas onde estamos mais fracos. Mais uma vez na próxima semana será principalmente um caso de buscar limitar os danos para o campeonato. Eu não quero pensar em classificação, porque a prioridade agora é melhorar o desempenho do F2012. Isso não significa, porém, que eu perdi as esperanças, muito pelo contrário. No ano passado, acreditávamos na briga pelo titulo até chegarmos em Spa e não há razão para não estar acreditando nesse momento, quando estamos em terceiro lugar na classificação, apenas oito pontos atrás do líder. Claro, nós definitivamente precisamos dar um grande passo à frente para deixar o carro mais rápido. Na Espanha, teremos grandes atualizações, mas os outros também terão e é por isso que não estou esperando um milagre e ser um segundo mais rápido que os outros”.


Kamui Kobayashi completou em décimo com a Sauber C31-Ferrari (Chassis 01/Ferrari 056), depois de largar na segunda fila do grid e foi logo explicando a estratégia de paradas: “Larguei com pneus macios e após nove voltas trocamos para pneus médios, após 25 voltas voltamos para os macios e, depois de 38, substituímos pelos de composto médio”. Quanto à corrida, o nipônico esclareceu os problemas da largada e as dificuldades encontradas na tentativa de recuperação de posições: “É claro que depois do que fizemos na qualificação o resultado da corrida foi decepcionante. Eu não estou realmente certo do que aconteceu na largada. Meu carro simplesmente não se mexeu. Ele ficou um pouco estranho e imediatamente perdi muitas posições e, com isso acabei preso no tráfego a maior parte do tempo. Também fizemos a parada do segundo pit um pouco tarde demais, porque os pneus já tinham acabado. Muitas vezes nós fazemos uma boa corrida de recuperação a partir de uma qualificação ruim, mas hoje foi o contrário. Já provamos que podemos ser fortes tanto na qualificação, quanto em corrida, e da próxima vez vamos colocar tudo isso para acontecer junto”.



“Larguei com pneus macios, após 16 voltas troquei para pneus médios e depois de 35 voltas mantivemos o composto médio”, contou o mexicano Sergio Pérez, que conduziu a Sauber C31-Ferrari (Chassis 03/Ferrari 056) e chegou na P11, logo atrás de seu companheiro de equipe. “Devo dizer que estou muito desapontado. Tive uma largada muito boa, e por todo o primeiro stint realmente parecia estar indo tudo muito bem para mim. Mas então, quando colocamos os pneus de composto médio e perdi muito do desempenho, da volta 17 em diante. Na verdade, eu sinto que eu teria sido melhor fazer uma estratégia de três parada, mas isso é algo que nunca se sabe antecipadamente. Os pit-stops foram bons, mas perdi tempo nas saídas porque tivemos um problema com a embreagem. No entanto, isso são coisas de corrida e vamos fazer melhor da próxima vez”.



O décimo terceiro posto na bandeirada final, nem de longe traduziu o desempenho mostrado pelo brasileiro Felipe Massa, que vive um momento difícil e total descrédito da mídia e dos “tifosi” da Ferrari. Mas é bom lembrar que ninguém é vice-campeão mundial por acaso: “Eu tentei fazer o melhor possível em uma corrida em que todos lutavam muito próximos. Claro, décimo terceiro lugar não é algo de que eu possa estar feliz, mas acho que, tanto quanto a minha corrida estava sendo interessante, ela foi um passo adiante em relação às duas primeiras corridas da temporada. Pelo menos eu consegui fazer uma corrida normal e eu sei que fiz tudo que pude. A decisão de fazer duas paradas era o caminho certo, dada a minha posição de largada, mas, talvez, à luz de como foi a corrida, teria sido melhor parar em momentos diferentes. No entanto, acho que é mais fácil dizer isso agora, depois da bandeira quadriculada. Cada vez que me encontrei no tráfego acabei pagando caro pela falta de velocidade máxima, um dos grandes problemas de nosso carro no momento. O circuito de Sakhir, onde será a próxima rodada do campeonato, também não parece ser muito favorável para nós, dado a forma como os problemas estão indo tão longe. Para mim, é uma corrida onde eu sempre andei bem, mas não tenho ilusões. Como sempre, vamos tentar dar o nosso melhor tiro”.

 



Outra boa corrida, mas com um resultado pífio, foi a do finlandês Kimi Räikkönen (14º), que parece estar voltando rapidamente à velha forma: "Nós tentamos fazer duas paradas como parecia ser a melhor estratégia. Até as dez últimas voltas estava indo bem, mas no final os pneus acabaram e perdemos performance. Fiquei preso atrás de Felipe (Massa) por um bom tempo e não pude ultrapassar porque eu não era rápido o suficiente nos trechos certos da pista para tentar fazer o ataque. Mesmo se eu tivesse conseguido ultrapassar, acho que não teria feito grande diferença para o resultado final. Nós tivemos um bom ritmo na corrida e tentamos uma estratégia diferente sem ter de pagar caro por isso. Simplesmente isso”.

 

Michael Schumacher foi o único a abandonar a prova de 2012 na China, na volta 13, após ter problemas com o pneu dianteiro direito da W02, que não teve a porca corretamente fixada em seu primeiro pit-stop. Mas todo o tempo em que permaneceu na pista mostrou que era um dos candidatos à vitória: “Em primeiro lugar, parabéns à toda a equipe. Para a Mercedes-Benz e, claro, para Nico que conquistou hoje uma vitória perfeita, de ponta a ponta. Ele fez um ótimo trabalho ontem e hoje, e estou feliz por ele. Quanto à minha corrida, o meu pneu dianteiro direito ficou solto após o meu primeiro pit stop. Como eu não queria causar nenhum dano maior no carro, acabei parando na grama. Senti que havia algo errado imediatamente e, especialmente na Curva 3, quando aumenta a pressão sobre o lado direito do carro. Até então eu tinha uma corrida sob controle, mantendo o pelotão atrás de mim e cuidando dos pneus. Claro, este foi um triste final para o que poderia ter sido uma ótima corrida e, por isso mesmo, sinto pena dos rapazes que sempre trabalham muito duro e dão o seu melhor. Mas, todos nós sabemos que isso faz parte do jogo”.

Confira o resultado final do GP da China:

1.- Nico Rosberg (ALE) Mercedes GP W02, com 56 voltas em 1h36m26s929
2.- Jenson Button (ING) McLaren Mercedes, a 20s626
3.- Lewis Hamilton (ING) McLaren Mercedes, a 26s012
4.- Mark Webber (AUS) Red Bull Renault, a 27s924
5.- Sebastian Vettel (ALE) Red Bull Renault, a 30s483
6.- Romain Grosjean (FRA) Lotus Renault, a 31s491
7.- Bruno Senna (BRA) Williams Renault, a 34s597
8.- Pastor Maldonado (VEN) Williams Renault, a 35s643
9.- Fernando Alonso (ESP) Ferrari, a 37s256
10.- Kamui Kobayashi (JAP) Sauber Ferrari, a 38s720
11.- Sergio Perez (MEX) Sauber Ferrari, a 41s066
12.- Paul di Resta (ESC) Force India Mercedes, a 42s273
13.- Felipe Massa (BRA) Ferrari, a 42s700
14.- Kimi Raikkonen (FIN) Lotus Renault, a 50s500
15.- Nico Hulkenberg (ALE) Force India Mercedes, a 51s200
16.- Jean-Eric Vergne (FRA) Toro Rosso Ferrari, a 51s700
17.- Daniel Ricciardo (AUS) Toro Rosso Ferrari, a 1min03s100
18.- Vitaly Petrov (RUS) Caterham Renault, a 1 volta
19.- Timo Glock (ALE) Marussia Cosworth, a 1 volta
20.- Charles Pic (FRA) Marussia Cosworth, a 1 volta
21.- Pedro de la Rosa (ESP) HRT Cosworth, a 1 volta
22.- Narain Karthikeyan (IND) HRT Cosworth,  a 2 voltas
23.- Heikki Kovalainen (FIN) Caterham Renault, a 3 voltas
24.- Michael Schumacher (ALE) Mercedes GP W02, a 43 voltas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Última atualização ( Ter, 17 de Abril de 2012 20:21 )  

Comentários 

 
#1 17/04/2012 20:42
Cláudio!!!!!!!! !!!!!
Só você para realizar esta matéria!!!!!!!! !!
Que alegria ser seu amigo, carinha!!!!!!!! !!!!
Você é o máximo!!!!!!!!! !!!!!!
Citação
 

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