No Brasil o tal de esporte bretão ludopédio - de preferência nacional – se adotou a frase de Nelson Rodrigues que a milionária Seleção Brasileira é a pátria em chuteiras.

Mas, na pratica, quem mais mostrou com vitórias a bandeira verde-amarela pelo mundo foi o automobilismo. Formula 1, Formula Indy, GP2, Formula 3, WTCC, Mundial de Esporte-Protótipos (atual LMS), Indy Lights, a antiga Formula 2 e, agora, até nas divisões de acesso da Nascar – um quase feudo caipira norte-americano -, são palcos que se habituaram a ver um “brazuca” no alto do pódio.

Se existe uma “pátria em chuteiras”, com (muito) mais mérito, temos uma “pátria em capacetes”, formada por talentosos jovens forjados neste continental celeiro de campeões que já fez Sir Jackie Stewart acreditar que havia algo de especial na água que tomamos.

Nesta temporada 2012, um certame da Formula Renault 2.0 passa a ter status internacional. A Formula Renault 2.0 Alps, que como indica o nome tem origem alpina, na junção dos certames italiano e suíço desses monopostos, passa a competir em varias pistas do velho continente e despertou a atenção de pilotos em estagio de formação. Como na Suíça, desde o grave acidente na 24 Horas de Le Mans de 1955 - que matou o piloto da Mercedes Pierre Levegh, um “gendarme” e mais de oitenta espectadores – as competições de esporte a motor foram proibidas por lei, a “saída” foi realizar seus campeonatos em paises vizinhos, como a Itália.

Serão mais de trinta carros e pilotos que defendem as cores de quatorze nações diferentes alinhados nas sete rodadas duplas, entre os meses de março e outubro, e percorrendo cinco paises europeus: Itália, França, Bélgica, Áustria e Espanha e em alguns circuitos que fazem parte do circo da F1, como Monza, Spa e Barcelona. Sem duvida em escola que não pode ser desperdiçada.

Nesse seleto grupo o Brasil verá quatro de seus jovens e promissores pilotos desfiando tudo que aprenderam de competição em praticamente uma década de corridas de kart: Victor Franzoni, Felipe Fraga, Guilherme Silva e Gustavo Lima. Há tempos não víamos um grupo “tupiniquim” tão bem formado. Juntos, Franzoni, Fraga e Silva, possuem mais títulos amealhados do que Cartório de Protesto e fazem parte de uma nova geração que vem chamando a atenção de quem acompanha de perto o kart, desde suas acirradas disputas na categoria Cadete dos micromonopostos. São feras de primeira grandeza e tiverem à disposição equipamento à altura de seus talentos, vão tirar o sono de muito concorrente.

Gustavo Lima é o menos experiente do grupo – e o mais novo de idade, com apenas 15 anos -, mas já andou dando trabalho no kart para pilotos de renome e vai levar a vantagem de que será o menos “cobrado” do “Brazilian Team”, justamente por esse motivo. Tem tudo para fazer um bom ano de aprendizado em sua estréia nos carros de competição.

Na ponta oposta, Guilherme Silva é o mais experiente no cockpit dos monopostos. Após boa carreira no kart – foi piloto da equipe oficial Tony Kart na Europa -, Guilherme competiu, simultaneamente, em 2011 na Formula 3 Sulamericana e Formula Futuro, classe em que acabou levando o título da temporada. O piloto mineiro tem 17 anos de idade.

Victor Franzoni, piloto paulista de 16 anos de idade, também tem um retrospecto invejável no kart e começou no automobilismo com o pé direito (literalmente embaixo), vencendo em 2011 a etapa de Interlagos da Fórmula Futuro e entrando para os anais do automobilismo nacional como o piloto mais jovem a vencer uma corrida de carros, com apenas 15 anos de idade. Foi um dos destaques do campeonato e, ainda em 2011 e terminou o ano fazendo algumas corridas na F. Abarth italiana.

Já no inicio de 2012, Victor Franzoni disputou o Brasil Open de F3, vencendo a segunda corrida do certame na classe “Light” e liderou a Final (a que valia o titulo) até a interrupção da prova por bandeira vermelha.

Felipe Fraga nasceu no Paraná, mas tornou-se tocantinense por adoção, já que foi nesse estado que passou por todo o seu desenvolvimento físico e desportivo. Também é dono de um cartel invejável no kart, mas é, como Gustavo Lima, um estreante nos carros de competição. Pupilo de Rubens Barrichello e Tony Kanaan, o fato de ser um rookie é de somenos importância, pois faz parte do grupo de jovens talentos da Red Bull e conta com ótimo suporte para maximizar seu enorme potencial.

A primeira rodada dupla será neste final de semana em Monza e vale à pena aguardarmos os resultados e a matéria completa da cobertura da etapa.

Confira o calendário da Formula Renault 2.0 Alps:

25/03 - Monza, Italia
13/05 - Pau, França
24/06 - Spa, Bélgica
2/09 - Red Bull Ring, Áustria
7/10 - Mugello, Itália
21/10 - Barcelona, Espanha