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Regional – Panorama do Brasil: Como vai o Automobilismo Gaúcho?

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Muito se fala pela mídia especializada sobre a F1, F-Indy e no Brasil sobre a Stock Car e F-Truck. Claro, são categorias importantes, bem divulgadas e que, até por isso, despertam a atenção do publico que vai aos autódromos, assiste pela TV e acompanha atentamente as noticias do esporte.

Mas não são apenas essas categorias que formam o esporte a motor e no Brasil dezenas de outras classes disputam o pódio e as (poucas) atenções em certames estaduais e regionais. Mas quais são exatamente essas categorias e como estão esses campeonatos?

Para responder à essa questão decidimos traçar um panorama atualizado do “desprestigiado” automobilismo regional no Brasil, apresentando suas categorias, mostrando suas virtudes, identificando os problemas e buscando apresentar sugestões de solução para o fortalecimento do esporte.

Muito além das bombachas e o espeto corrido nas rodas de fogo pelas estâncias dos pampas, o Rio Grande do Sul sempre se orgulhou de sua tradição no automobilismo. É o estado que conta com o maior numero de autódromos e inegável celeiro de talentos que ao longo do tempo vem deixando sua marca impressa na história do automobilismo nacional e nas pistas internacionais.

Em razão disso passamos aos nossos parceiros do Sul Top Racing (www.sultopracing.com.br) a incumbência de fazer a primeira matéria da série “Panorama do Brasil”, apresentando um mapa real de como está o tradicional automobilismo regional gaúcho.  Vale à pena conferir:

 

O Automobilismo Gaúcho

Recebi o desafio, do amigo Cláudio Reis, para tecer algumas linhas a respeito do automobilismo gaúcho. Fiquei lisonjeado e envaidecido pela tarefa, mas também não posso negar que o nervosismo foi companheiro durante a confecção deste texto, pois não sou jornalista, mas sim administrador de empresas e fotógrafo – ou fotógrafo e administrador de empresas – não necessariamente nesta ordem. O que sei, que assim como milhões de brasileiros, sou apaixonado por automobilismo.

Vamos às linhas...

Não podemos falar de automobilismo regional, sem antes dar uma vasculhada na história deste esporte que é um dos mais populares (e caros) do mundo. As corridas de automóveis iniciaram-se quase imediatamente depois da construção dos primeiros carros movidos a gasolina bem sucedidos influenciados pelas já populares corridas de carroça.

“Em 1894 foi organizada a primeira competição na França pela revista Le Petit Journal entre Paris para Rouen, um teste de confiabilidade para determinar o melhor desempenho, na época foi chamada de Concours des Voitures sans Cheveux (Competição de Carros sem Cavalos)”. - Museu do Esporte (http://www.museudosesportes.com.br/noticia.php?id=1098) - Wikipedia

Nesta corrida entre as cidades largaram 69 bólidos para os 50 km que separavam Paris de Rouen, que iria determinar os classificados para a corrida principal de 127 km. Porém, apenas 25 se classificaram. O conde Jules-Albert de Dion foi o primeiro a chegar em Rouen no tempo de 6 horas e 48 minutos, em uma velocidade média de 19 km/h, contudo sua vitória não foi contabilizada já que seu carro tinha um acessório proibido. Então, quem levou o título foi Georges Lemaître, que chegou em segundo lugar com o seu possante Peugeot de 3HP. Jules-Albert de Dion ficou com o “titulo” de primeiro desclassificado da história do automobilismo!

Até então, as corridas eram realizadas em circuitos de ruas entre cidades, estados e até países na Europa. Porém, devido à grande quantidade de acidentes que as corridas de rua causavam viu-se que era mais seguros realizar corridas em espaços fechados, muito desses espaços eram os hipódromos utilizados para corrida de cavalos. Nos Estados Unidos baseados no formato oval dos hipódromos foi construído o Milwaukee Mile, circuito oval que é considerado o autódromo mais antigo do mundo e recebe corridas desde 1903.

No Brasil, o automobilismo “nasceu” em São Paulo, em 1908, no circuito de Itapecerica da Serra, em prova promovido pelo Automóvel Clube Paulista, fundado nesse mesmo ano. Os veículos concorrentes eram quase todos de fabricação francesa e os pilotos na sua maioria paulistas.

No Rio Grande do Sul as corridas de carros chegaram por volta dos anos 1920 e nas décadas seguintes 30, 40, 50 e 60 foram às épocas das incríveis Carreteras, bólidos que tinham muito motor (V8) pouco freio e nenhuma segurança. Por sua vez os pilotos tinham uma paixão incrível por carros, eram alucinados por velocidade e não tinham medo do perigo, ao contrário, sentavam a bota nos carangos. As provas eram realizadas em circuitos de ruas em Porto Alegre e pelo interior do estado e os destemidos heróis não perdoavam – como diria um dos mais tradicionais locutores das corridas gaúchas, o Perna – “andavam com o pé no porão”.

Na década de 70 foi inaugurado o Autódromo Internacional de Tarumã, que leva o título de mais veloz do Brasil até hoje. É uma pista extremamente técnica, muito veloz e que não aceita erros; amada por muitos, temida e odiada por poucos desprovidos de coragem e audácia para acelerar forte em seus mais de três mil metros.

O estado é privilegiado – não só por seus bons pilotos – mas também por possuir mais três autódromos: Autódromo Internacional de Guaporé, Autódromo Internacional de Santa Cruz e o Autódromo Internacional Velopark. Este último inaugurado, oficialmente, em 2 de maio de 2010.

Atualmente o nosso automobilismo não é nem de perto o que foi nas décadas passadas como na de 90 quando tínhamos os Racing Show, com varias categorias acelerando forte durante um dia de intensas programações. Mas ainda se consegue ver uma luz no fim do túnel. O que estraga a nossa “festa” é a politicagem – não entraremos no mérito – o que acaba prejudicando o progresso do esporte.

Conversamos com alguns pilotos, inclusive com carreira nacional e internacional, sobre como vêem o nosso automobilismo regional em relação ao Brasil e se este tem influência (ou não) no resto do país.

Todos os pilotos, sem exceção, mencionaram a força do automobilismo gaúcho e da tradição das competições no estado, bem como o privilégio de poder ter quatro autódromos em boas condições propiciando a formação de pilotos competitivos no âmbito nacional. Porém, “Ao nível nacional nossa representação é muito pequena. São poucos pilotos disputando campeonatos brasileiros”, afirma o piloto Márcio Campos, que correu a última temporada na categoria Marcas & Pilotos e este ano estará a bordo dos bólidos Mercedes Benz.

O piloto Claudio “Cacau” Ricci, complementa: “Falo com tristeza de somente eu estar nas duas principais categorias de turismo no país – Itaipava GT e Stock Car – e com apoio de uma empresa do centro do país, pois a falta de patrocínio e de uma política de incentivo torna difícil pilotos gaúchos seguirem uma carreira profissional”. Esta afirmação acaba abrindo discussão para um outro problema do automobilismo gaúcho, que a falta de divulgação.

E aquele ditado – “quem não é visto não é lembrado” – nunca foi tão verdadeiro. As categorias carecem de divulgação, não possuem uma assessoria que cuidem da promoção e imagem, que divulgue na mídia seus eventos, seus pilotos, seus carros e assim por diante. A (pouca) divulgação que possuem é graças à sites independentes, de pessoa que ainda acreditam no automobilismo. Não tendo divulgação, não tem público e não tem patrocínios...

A reversão desta situação não é difícil, mas para isso dirigentes, cartolas, pilotos e equipes precisam entender que a propagando é a alma do negócio – afirmação que ouvimos desde pequeno e que muitos matungos não conseguem entender.

Quando as cabeças pensantes do automobilismo gaúcho entenderem que quanto maior for à divulgação, maior será o público, mais interesse despertará em futuros pilotos, que encherão os grids, que trarão mais público e, por esse circulo vicioso, que despertará o interesse de patrocinadores em nosso automobilismo.

Podemos sair do círculo vicioso para um círculo virtuoso, mas para isso é necessário querer. Todos os pilotos ouvidos concordaram nesse ponto, da falta de apoio de empresas e da falta de divulgação por parte das categorias.

A categoria Copa Classic RS, que tem como um dos seus representantes o piloto Niltão Amaral, foi à única que começou o ano fazendo um (bom) trabalho de divulgação, que já resultou adesão de pilotos que estavam parados e voltaram a colocar os seus bólidos na pista. O grid está em franca ascensão e já na primeira etapa teve sua prova transmitida (VT) em canal especializado, visto em toda a América Latina. E em 2011 existe a possibilidade de pilotos dos clássicos de São Paulo andarem nas pistas do Rio Grande do Sul.

No final de semana do dia 10 de abril, foi dada a largada para duas categorias que mais atraem público aos autódromos gaúchos: Marcas & Pilotos e Copa Fusca. A primeira é com grids cheios e com mais de 30 carros, disputas ferrenhas. Na segunda etapa do ano passado chegaram a alinhar 60 carros. A segunda categoria, por levar aficionados por fuscas e vê-los chegar ao final da reta a quase 190 km/h.

Que possamos ter um ano de 2011 com menos politicagem nas pistas, mais investimentos e muita divulgação do nosso automobilismo gaúcho. A expectativa é sempre grande para o crescimento das categorias, tanto quantitativo como qualitativo.

Encerramos agradecendo os pilotos que colaboraram conosco: Hardy Kohl Junior (Marcas & Pilotos), Cláudio “Cacau” Ricci (Stock Car e Itaipava GT), Márcio Campos (Marcas & Pilotos e Mercedes-Benz Grand Challenge), Eduardo Tomedi (Copa Fusca) e Miguel Paludo (Nascar Truck Series). Agradecimento também a FGA – Federação Gaúcha de Automobolismo.

Do Rio Grande do Sul para o PlanetCar,
Fernando Nunes

Última atualização ( Qua, 13 de Abril de 2011 12:34 )  

Comentários 

 
#3 Claudio Reis 13/04/2011 17:26
Giacomello,
Fique tranquilo, pois já está na pauta uma matéria completa da Formula 1.6 RS, bem com da Formula V 1.8 cearense.
A galera do Sul Top Racing fará a cobertura do campeonato e trará para o PlanetCar todas as informações, resultados e fotos de altíssima qualidade.
Citação
 
 
#2 13/04/2011 16:43
Faltou informar o site da categoria, onde podem ser obtidas mais informações(www.formulars.com.br) Aliás, é a unica categoria gaucha com patrocinador (Lojas Benoit). O Marcas e Pilotos tem patrocinador, mas este tem exclusividade na venda de pneus.

Carlos Giacomello
Chefe de Equipe
Formula 1.6 #7
Citação
 
 
#1 13/04/2011 16:13
Uma pena que foi esquecido de mencionar que o RS tem a mais antiga categoria regional de monopostos do Brasil, a Fórmula 1.6 RS, com um grid que se aproxima de 20 carros e que desde 1995 jamais deixou de ter seu campeonato. Até 2010 era a unica em atividade, de forma regional. A categoria produziu recentemente o campeão brasileiro de GT3, Matheus Stumpf, que é o atual campeão da Formula 1,.6(tetra-campeão)e ainda faz parte da categoria, além do Francisco Alfaya, vice cempeão em 2009 da F1.6 e vice campeão 2010 da Fórmula Future..
Come se vê, somente a Fórmula 1.6 gaúcha produziu nos dois ultimos anos, dois pilotos de primeira linha para o automobilismo brasileiro.

Carlos Giacomello
Chefe de Equipe
Formula 1.6 # 7
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